Thursday, September 11, 2008

De fraternidades

Andava a passos rápidos. Queria comprar flores. Tinha pressa. Quase corria, na verdade. Quase corria. Não fosse assim, perderia o enterro do irmão.

Álvaro era, antes de tudo, seu irmão. Sim, seu. Mesmo que se perdesse entre os seis que a vida impusera, era ele o mais irmão.

Corria, quase. Não fosse assim, perderia o enterro do irmão.

Álvaro crescera entre cuidados, nascido frágil, de sete meses. Puxava-o, anos a fio, ele sentado no carrinho de madeira. Adorava. Foi até os 8 anos de Álvaro. Seus 11.

Corria. Talvez comprasse lírios.

Na adolescência de Álvaro, faltou-lhes a mãe. Cada irmão seguiu caminho. Álvaro ficou com a avó. Lembrava-lhe o choro na despedida.

Doiam-lhe os pés, a esta altura. Quase sem fôlego, dobrou a esquina. Encontrou aberta a floricultura. Sentiu frio.

1 comment:

Dauro Veras said...

Quanta honra ter lido em primeira mão. Botei um microconto agora no blog.