De fraternidades
Andava a passos rápidos. Queria comprar flores. Tinha pressa. Quase corria, na verdade. Quase corria. Não fosse assim, perderia o enterro do irmão.
Álvaro era, antes de tudo, seu irmão. Sim, seu. Mesmo que se perdesse entre os seis que a vida impusera, era ele o mais irmão.
Corria, quase. Não fosse assim, perderia o enterro do irmão.
Álvaro crescera entre cuidados, nascido frágil, de sete meses. Puxava-o, anos a fio, ele sentado no carrinho de madeira. Adorava. Foi até os 8 anos de Álvaro. Seus 11.
Corria. Talvez comprasse lírios.
Na adolescência de Álvaro, faltou-lhes a mãe. Cada irmão seguiu caminho. Álvaro ficou com a avó. Lembrava-lhe o choro na despedida.
Doiam-lhe os pés, a esta altura. Quase sem fôlego, dobrou a esquina. Encontrou aberta a floricultura. Sentiu frio.
1 comment:
Quanta honra ter lido em primeira mão. Botei um microconto agora no blog.
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