Sunday, December 30, 2007

[...] Deixando de lado, seja o que é impraticável, seja o que é em excesso difícil, cuidemos de fazer o que está a mão e corrobora nossas expectativas. Saibamos que todas elas são transitórias, ainda que exteriorizando diversidades, no íntimo, são mesmo voláteis [...]

Sêneca [ a tranqüilidade da alma]
demasiado tarde para compreender...

Friday, December 28, 2007

2008... hay que hacerlo!

Solo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca Muerta no me encuentre
Vacio y solo sin haber hecho lo suficiente.

Solo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Despues que una garra me araño esta suerte.

Solo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.

Solo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede mas que unos cuantos,
Que esos cantos no lo olviden facilmente.

Solo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado esta el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.

De Leon Gieco

Friday, December 21, 2007

Música, hermosa música
Ganhei da amiga Diana um cd cheio de música boa. Conheci Chambao, grupo andaluz, Jarabe de Palo, de Barcelona, e Aterciopelados, da Colômbia.
Me gustó mucho! Gracias, Diana!
Déjame vivir
[Jarabe de Palo]
Déjame vivir/Libre/Como las palomas/Que anidan en mi ventana/Mi compañía/Cada vez que tú te vas./ Déjame vivir/Libre/Libre como el aire/Me enseñaste a volar/Y ahora/Me cortas las alas./
Y volver a ser yo mismo/Y que tú vuelvas a ser tú/Libre/Libre como el aire/Déjame vivir/Libre/Pero a mi manera/Y volver a respirar/De ese aire/Que me vuelve a la vida/Pero a mi manera./
Y volver a ser yo mismo/Y que tú vuelvas a ser tú/Libre/Pero a tu manera/Y volver a ser yo mismo/Y que tú vuelvas a ser tú/Libre/Libre como el aire.

Tuesday, December 18, 2007

A Sílvia Pavesi me deu uma ilha de presente. Ela fica em algum lugar do Caribe e a Sílvia fotografou do navio, enquanto fazia a travessia da Colômbia para o Panamá.
Aliás, grande experiência dela e do companheiro, Eumano Silva, num navio cargueiro sobre as águas caribeñas.



Olha o navio aí (ela também mandou o navio!). Lembrei, mais uma vez, de Florentino Ariza e Fermina Daza, do Amor nos tempos do cólera (post abaixo), em sua viagem pelo rio e em seu amor de meio século!


Terminei de reler O amor nos tempos do cólera, do Gabo. Confesso que li devagar, querendo não terminar. A história de Florentino Ariza e Fermina Daza está agora nas telas e deve entrar em cartaz nos cinemas brasileiros a partir da próxima semana. As críticas que li até agora não são lá muito animadoras, mesmo assim espero para conferir. Dirigido pelo inglês Mike Newell (Harry Potter e o Cálice de Fogo), o filme tem no elenco atores de diferentes países. Entre eles, a italiana Giovanna Mezzogiorno e o espanhol Javier Bardem como protagonistas, além de Fernanda Montenegro no papel de Tránsito Ariza.

Vale conferir o que disse Javier Bardem (sempre vale!) sobre o filme e outras cositas más em entrevista durante o Festival de Cinema de La Habana: confira

Sunday, December 09, 2007

notas de percurso (1)

ensolarada a ponto de virar luz
viu-se disposta a nunca mais anoitecer

Wednesday, December 05, 2007




Viva La Habana y el cine!


O 29º Festival Internacional del Nuevo Cine Latino Americano começou nesta terça, 4 de dezembro, em La Habana, Cuba, com show do argentino Fito Paez e exibição de Redacted, novo filme de Brian de Palma. O Brasil está concorrendo com O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburger, e Achados e perdidos, de José Joffily, entre outros.

San Pancho en Medellin
"Era um sábado de sol quente e o calor só aumentou a alegria dos devotos de San Pancho que bailavam e cantavam pelas ruas e praças de Medellin. Saias rodadas e coloridas, maquiagem cintilante e um batuque bem africano lembravam o carnaval. San Panchito em destaque no alto de um carro com placa de Moravia, no Choclo, departamento da costa pacífica da Colômbia, onde é padroeiro".


O texto e a foto acima são da jornalista Sílvia Pavesi. Confira a viagem que ela e o jornalista Eumano Silva estão fazendo pela América Latina nos endereços:

Tuesday, December 04, 2007

Sobre encontros e amizades

Lisboa, um dia de abril de 2002, 17 horas.

Mochila nas costas, acabo de chegar na capital portuguesa, cinco horas depois de partir num ônibus de Sevilha, na Espanha. Pego o metrô e desço próximo ao Rossio, bairro da Lisboa Pombalina, da cidade antiga, assim como a Alfama, coroada pelo Castelo de São Jorge, que olha para mim pendurado no morro logo à frente. Deixo as coisas num hotelzinho barato do Rossio e, mesmo cansada, pergunto ao recepcionista uma dica de lugar para um lanchinho, quiçá um pequeno passeio antes de descansar para as pernadas do dia seguinte. Queria conhecer a Lisboa verdadeira, não a dos turistas apressados. E, por sorte, conseguiria, pois algo bem especial estava reservado para aquele dia.

- Podes tomar o eléctrico e subir ao Castelo. Estarás a ter uma bela vista do Tejo a esta hora.

Pareceu-me uma boa idéia, afinal o eléctrico passava logo em frente à Praça do Rossio e, lá do alto, o Castelo de São Jorge fazia um convite irrecusável. Fui.

Lá em cima, a vista do Tejo, ao entardecer, tinha nuanças de fado. Aproximei-me da mureta de pedras medievais para mirar o todo. E foi neste momento que nos encontramos. Ele estava também a mirar o Tejo e sua melancolia de final de tarde.

- Olá -, eu disse. Sou brasileira e acabo de chegar.

- Pois sejas bem vinda -, com um sorriso enorme.

Chama-se Alberto e quando nos conhecemos tinha 70 anos. Português da gema, tem a história de seu país nas veias e sabe contá-la. Descemos a pé a colina que sustenta o Castelo de São Jorge, tomamos um café na Alfama. Levou-me a conhecer uma confeitaria que Fernando Pessoa amava, mas que não é famosa em Lisboa (sim, pois por sorte o turismo canibal não a atingiu) e lá pude sentir-me um pouco portuguesa e os versos de Pessoa me deixaram tonta de alegria.

Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca (...)
O GUARDADOR DE REBANHOS (IX)

Passeamos pelo Rossio, mostrou-me o Teatro Nacional D. Maria II, falou-me de cinema (é sócio da Cinemateca Portuguesa e vai ao cinema mais de três vezes por semana), de poesia e teatro (outros dois vícios), de vida (o vício mais profundo!). Contou-me da esposa, que havia perdido há pouco tempo, vítima de câncer.

Perguntou-me do Brasil, de nossas diferenças, dos resquícios da colônia. Criticou a si e seus patrícios pela exploração nos idos coloniais e, por verdadeiro que é, disse-me que sofre muito hoje ao ver brasileiros ainda sendo explorados em seu país e em toda a Europa.

Contei-lhe de Amanda, minha filha, então com quase dois anos, e de todos os planos que me acompanhavam.

Nos despedimos próximo das onze horas da noite. Ele voltaria para Almada, onde mora, do outro lado do Tejo. Eu - se é que eu era ainda eu, pois teria que pensar muito naquelas mais de cinco horas de conversa e de histórias de vida para entender-me novamente -, voltaria para o hotelzinho do Rossio.

Disse-me:

- Viva muito, menina! Viva!

Pedi que me deixasse seu endereço postal. Queria mandar-lhe algo do Brasil, apesar de saber que tudo seria pouco diante de tanta coisa que aprendi em poucas horas.

Faz cinco anos que nos correspondemos mensalmente. Nunca mais nos vimos (espero que 2008 me permita visitá-lo com Amanda). Me envia envelopes cheios de informações sobre todas as atividades culturais que participa, mostras de cinema, teatro, música. É o mais árduo incentivador de minha vontade de ser roteirista. Viajou para Cuba, por minha pressão, para conhecer o que eu lhe mostrei por fotos. Minha filha, Amanda, já se corresponde com ele. Aprendeu a ler também com os livros de literatura portuguesa que ele mandou.

Alberto está com 75 anos. Conta histórias para deficientes visuais todas as tardes, numa instituição ali perto. Leva-os a passear pelo Tejo e conta-lhes as nuanças deste rio que exala fado.

Já me contou muitas histórias e me fez ver muita coisa com sua experiência de vida e capacidade de cuidar, de ser amigo.

Obrigada, Seu Alberto.