A arte de ser feliz
Já anoitecia. Um ônibus urbano lotado e a hora de voltar para casa. Mãe e filha voltavam, juntas. A mãe levava a pequena, quase três anos, sentada ao colo, agarradinhas que estavam depois de um dia inteiro separadas: uma no trabalho, outra na escola.
Ela apareceu de repente, enorme: - Mãe, olha! – gritou a menina. O dedinho apontava o céu atrás dos prédios: – É a lua!
Riram alto de tanta beleza e luz. E divertiram-se olhando e acenando.
Ponto 38. Cordinha. Sinal de parada. Licença, licença. Desceram.
Já na calçada, a menina-filha se desespera. Rosto lívido, aponta o ônibus já arrancando e seguindo rumo. Grita, outra vez: - Mãe, a lua?
Pavor.
Depois do beijo quase eterno na mãozinha que treme a perda, a mãe aponta o céu.
A pequena sorri e abraça a mãe, com o suspiro-paz das coisas que permanecem.
2 comments:
Acho que temos essa foto. Foi uma dia maneiro.
AMEI!
Mas a lua sofre mudanças, não permanece igual, não... Mãe e filha, sim.
bj
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