Wednesday, February 18, 2009

Viva México, cabrones!!

O Caderno de Turismo do Correio Braziliense de hoje traz um super material sobre o México. E o melhor: produzido pelos amigos Sílvia Pavesi e Eumano Silva. Eles passaram mais de ano viajando pela hispanoamérica e publicando uma série de reportagens. São textos e fotos especiais!

Do Correio: "Esta reportagem sobre o México encerra a série Viagem pela História publicada pelo Correio desde julho de 2007. Durante um ano, os autores percorreram 14 países da América Latina em ônibus, trens, barcos, triciclos e longas caminhadas. Sem pegar avião, atravessaram todas as fronteiras de Brasília a Tijuana, quase nos Estados Unidos. A série demonstrou como o turismo pode ser usado para se conhecer a memória preservada de um continente. Das doze reportagens, oito mereceram capa do caderno Turismo".

O material sobre o México está super completo e traz como título principal: A arte como testemunha

Várias matérias dão um contexto bem amplo da cultura mexicana:
A conquista do México
Uma cidade sobre a outra
Tesouros da antiguidade
Os amantes da Casa Azul
Além de dicas no Guia de Viagem

Abaixo, reproduzo matéria e foto da Sílvia Pavesi sobre Frida Kahlo e Diego Rivera!

Parabéns pelo belo trabalho!

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Fachada da residência onde viveram Frida Kahlo e Diego Rivera

Os amantes da Casa Azul
A tumultuada relação de Frida Kahlo e Diego Rivera misturou arte, sexo, boemia e política.
Museu revela a intimidade dos dois pintores

Silvia Pavesi
Especial para o Correio


Ao cruzar a soleira da porta da Casa Azul, o visitante entra na intimidade de dois dos maiores artistas mexicanos. Esbarra por todos os lados em fragmentos da história de personagens marcantes do século passado. Logo na entrada, uma frase pintada na parede diz: “Frida y Diego vivieron en esta casa”.

Frida Kahlo, pintora quase que por acaso, casou-se com o consagrado muralista Diego Rivera em 1929. O casal instalou-se na casa construída por Guillermo Kahlo, pai da noiva, no bairro de Coyoacán, nos arredores da Cidade do México. A casa era branca. Foi pintada de azul-vivo pelos artistas em homenagem às fortes cores da cultura mexicana.

Transformada em museu em 1958, quatro anos após a morte de Frida, a Casal Azul reúne uma maravilhoso coleção de objetos e obras de arte que conta um pouco da conturbada e sofrida vida da pintora. Autorretratos, roupas, coletes de gesso, pincéis, cavaletes e dezenas de cartas trocadas entre Frida, seus amantes e personalidades da época emocionam o visitante. A cama onde Frida começou a esboçar os primeiros desenhos está cercada por fotografias de Lênin, Stalin e Mão Tse Tung, lembranças da militância política da pintora que ingressou no Partido Comunista Mexicano em 1928.

Frida nasceu em 6 de julho de 1907. Aos seis anos de idade contraiu poliomelite, doença que afetou o pé direito e o jeito de andar da menina.

A adolescente se preparava para cursar medicina, não pensava em ser artista. O destino começou a mudar no dia 17 de setembro de 1925, quando retornava para casa após um dia de aula, uma colisão mudou a vida da estudante. O bonde que a transportava para Coyoacán sofreu um violento acidente. Uma barra de ferro entrou pela bacia e destroçou o franzino corpo da garota de 18 anos.

As cirurgias e a imobilidade na cama despertaram a veia artística de Frida. Os primeiros rabiscos foram no próprio gesso. Borboletas e flores davam vida à couraça que envolvia o corpo dilacerado. Como o repouso forçado se prolongava, a mãe de Frida, Matilde Calderón, adaptou um cavalete à cama e um espelho no teto para a filha conseguir se ver e pintar. Assim surgiram os primeiros autorretratos.

A artista nunca se livrou das fortes dores e teve que se submeter a inúmeras cirurgias ao longo da vida. Depois de muitas experiências, voltou a caminhar, com certa dificuldade. O martírio e o suplício físicos foram a maior influência na arte da mexicana.


Um dia, Frida tomou coragem e procurou o já famoso Diego Rivera para mostrar alguns quadros. O experiente pintor se impressionou com o trabalho da desconhecida. O gosto pela arte e a militância no Partido Comunista uniram os dois talentos. O corpanzil de Rivera contrastava com a fragilidade da jovem. A mãe ficou contra o casamento. Disse que era a união de uma pombinha com um elefante.

Frida não se deixou influenciar pelo marido e desenvolveu um trabalho próprio. Conheceu o francês André Breton que a classificou de surrealista. Frida respondeu que não pintava sonhos e sim sua própria realidade. Em 1938 realizou a primeira exposição em Nova Yorque. Logo em seguida, expôs no Museu do Louvre, em Paris.

O casamento com Rivera foi marcado por extravagâncias e traições. Cercados de artistas, os dois viviam em um ambiente boêmio e vanguardista para os padrões da época. O muralista tinha casos com modelos, artistas e até com a irmã de Frida. Ela sofria, mas perdoava o marido. Separaram-se mas voltaram a casar algum tempo depois. Mesmo com o corpo retalhado por cirurgias e dificuldades para caminhar, Frida era uma mulher encantadora, sedutora e charmosa. Cultivava admiradores. Homens e mulheres freqüentaram a cama da artista. Rivera fazia de conta que nada via.

Em 1937, Leon Trotski, fugindo da perseguição de Stalin, se refugiou no México e se abrigou na Casa Azul. Os casais discutiam política, estética e visitavam as pirâmides astecas. O velho comunista e a artista acabaram seduzidos um pelo outro. Rivera não suportou e pediu aos russos que deixassem a Casa Azul.

Em 1953, Frida expôs pela primeira vez no México. Quase não pôde ir à abertura. Estava muito doente, com fortes dores na coluna. Proibida pelo médico de levantar, ela chegou ao local da exposição deitada na própria cama, cercada por enfermeiros. Causou comoção. Menos de um ano depois, Frida Kahlo morreu aos 47 anos de idade enquanto dormia na Casa Azul.

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