Monday, March 30, 2009


Jornalista, só com diploma

27/03/2009

* Sérgio Murillo de Andrade
FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas

Em 1964, há 45 anos, na madrugada de 1º de abril, um golpe militar depôs o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura de 21 anos no Brasil. Em 2009, a sociedade brasileira pode estar diante de um novo golpe. Desta vez contra o seu direito de receber informação qualificada, apurada por profissionais capacitados para exercer o jornalismo, com formação teórica, técnica e ética.

A exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, em vigor há 40 anos (1969/2009), encontra-se ameaçada. O Supremo Tribunal Federal (STF) julgará, também em 1º de abril, o recurso que questiona a constitucionalidade da regulamentação da profissão de jornalista. O ataque à profissão jornalística é mais um ataque às liberdades sociais, cujo objetivo fundamental é desregulamentar as profissões em geral e aumentar as barreiras à construção de um mundo mais pluralista, democrático e justo.

É importante esclarecer: defender que o Jornalismo seja exercido por jornalistas está longe de ser uma questão unicamente corporativa. Trata-se, acima de tudo, de atender à exigência cada vez maior, na sociedade contemporânea, de que os profissionais da comunicação tenham uma formação de alto nível. Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

A Constituição, ao garantir a liberdade de informação jornalística e do exercício das profissões, reserva à lei dispor sobre a qualificação profissional. A regulamentação das profissões é bastante salutar em qualquer área do conhecimento humano. É meio legítimo de defesa corporativa, mas sobretudo certificação social de qualidade e segurança ao cidadão. Impor aos profissionais do Jornalismo a satisfação de requisitos mínimos, indispensáveis ao bom desempenho do ofício, longe de ameaçar à liberdade de Imprensa, é um dos meios pelos quais, no estado democrático de direito, se garante à população qualidade na informação prestada - base para a visibilidade pública dos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas.

A existência de uma Imprensa livre, comprometida com os valores éticos e os princípios fundamentais da cidadania, portanto cumpridora da função social do Jornalismo de atender ao interesse público, depende também de uma prática profissional responsável. A melhor forma, a mais democrática, de se preparar jornalistas capazes a desenvolver tal prática é através de um curso superior de graduação em Jornalismo.

A manutenção da exigência de formação de nível superior específica para o exercício da profissão, portanto, representa um avanço no difícil equilíbrio entre interesses privados e o direito da sociedade à informação livre, plural e democrática.

A sociedade já disse o que quer: jornalista com diploma. Pesquisa realizada pelo Instituto Sensus, em setembro de 2008, em todo País, mostrou que 75% dos brasileiros são a favor da exigência do diploma de Jornalismo.

Não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos de interesses privados e motivações particulares. Os jornalistas esperam que o STF não vire as costas aos anseios da população e vote pela manutenção da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista no Brasil. Para o bem do Jornalismo e da própria democracia.

* Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

Mais nos sites do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e da FENAJ
A nova tragédia de Santa Catarina

No final de 2008, as imagens da grande tragédia de Santa Catarina impregnaram de dor e perplexidade os olhos e corações de todos os brasileiros. Enchentes acontecem, mas o impacto foi muito maior devido à destruição sistemática do ambiente no Estado, campeão nacional de desmatamento dos remanescentes da mata atlântica na última década.

Agora, mais precisamente amanhã, nova tragédia ameaça Santa Catarina e o Brasil. Desta vez ela é política. A Assembleia Legislativa votará, em meio a um megaesquema de propaganda agressiva contra os ambientalistas, projeto de lei que inacreditavelmente pretende, entre outros absurdos, reduzir a faixa de proteção das matas ciliares, nas margens dos cursos d'água, de 30 para apenas 5 metros! Desde 2001 há iniciativas para elaborar um código ambiental estadual. Em 2006, entidades do setor produtivo recomendaram que ele se fundamentasse na "estrutura fundiária do Estado e em suas peculiaridades regionais".

O que isso queria dizer vê-se agora. Ao longo de 2007, debates coordenados pelo órgão ambiental estadual (Fatma) resultaram em proposta encaminhada à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e entregue solenemente ao governador em março de 2008. Desde então, governo e membros da Assembleia desfiguraram de tal modo o texto que ele pode ser chamado de Código Antiambiental.Retira competências e responsabilidades dos órgãos estaduais na proteção ambiental, reduz áreas protegidas e atenta contra a Constituição e a legislação federal, numa verdadeira desobediência civil às avessas, em nome de um pretenso desenvolvimento. Bons tempos em que a desobediência civil era praticada em favor da sociedade.

Desse tipo de desenvolvimento já conhecemos os resultados, tanto no nível global quanto no local, como muito bem sabem os catarinenses que perderam suas famílias e casas nas enchentes de 2008.Aonde querem chegar? Impossível não associar o que acontece em Santa Catarina com as reiteradas tentativas, no Congresso Nacional, de mudança no Código Florestal para flexibilizar normas ambientais. Como a pressão da sociedade e a atenção da mídia nacional têm empatado essas articulações em Brasília, parte-se agora para uma estratégia de minar o código nos Estados, apostando no fato consumado de "leis estaduais" sob encomenda, que desfigurem a legislação federal.Santa Catarina deu a senha para arrombar a porta. Agora é o momento de saber de que substância é feito o Estado brasileiro.


Por MARINA SILVA
Folha de São Paulo de hoje.

Friday, March 27, 2009

Alto risco

por Eglê Malheiros *

É preciso que nós habitantes de Florianópolis, tanto os aqui nascidos como os vindos de fora, que realmente vivemos a cidade, tomemos ciência do risco que corremos. Estamos ameaçados de virar paisagem, elementos de composição de ambiente, exotismo que tempera a sobrexposição do fator tecnológico na construção dos edens para os happy few. Viramos paisagem ao mesmo tempo em que as belezas (e riquezas) naturais são apropriadas e maltratadas pelos grupos econômicos, mormente os ligados ao capital volátil do cassino financeiro internacional.

Seria de esperar (ou melhor, não seria, dado fatos pretéritos) que os governantes tirassem lições da crise em processo e tivessem um pouco mais de recato em acenar para os entes financeiros com facilidades jamais sonhadas, não se envergonhando nem de bancar os rufiões, dizendo que somos lucro garantido além de termos “mulheres lindas”.

Campos de golfe verdejam por cima das dunas, reservas ambientais são tomadas por condomínios, os mesmos atores das grandes falcatruas internacionais são recebidos como hóspedes desejados. Se não nos mobilizarmos cobrando das autoridades o cumprimento de suas obrigações – governar para o povo, com o povo e pelo povo, proteger nossa cultura, não deixando que as manifestações populares virem enfeite para dar “cor local” à indústria do turismo, impedir que o intercâmbio vire reles macaquear do que se faz lá fora, estimular a ação da sociedade em vez de tentar enquadrar movimentos sociais –, se isso não acontecer qualquer dia ao abrirmos os olhos veremos um cartaz à entrada, semelhante ao que havia em Pequim no tempo dos protetorados estrangeiros: “Proibida a entrada de cães e chineses”.

Releio o texto e me dou conta de estar a ponto de cometer grande “injustiça”. A pressa é inimiga da perfeição, não há que ter pressa, é só esperar até outubro. Outubro é o mês da “redenção”, a confiar no senhor Edson Busch Machado. Em outubro as agruras do transporte público, os professores mal pagos, a Biblioteca Pública (salva por nossa gente e precisando de recursos), o caos nas emergências, violência, carestia, tudo se esfumará no horizonte. Nós, que segundo essa autoridade fomos ovacionados em Marrakech, devemos sediar um Festival Internacional de Mágica; nossos hóspedes educados e altruístas de maneira nenhuma deixarão de agradecer a seus hospedeiros (nós, manés, zé-povinho, pois tudo é feito com nosso dinheiro) e num passe de mágica farão de nossas vidas um manso lago azul, com nossos problemas definitivamente resolvidos.

* Escritora

Friday, March 20, 2009

pontos de vista de outono:

[despedida]

[esperança]

*terra e céu do Parque da Redenção, Porto Alegre, 2007.
Dica do Adauri Antunes: República de Fiume.

Parece bem bacana.

Thursday, March 19, 2009

Concordo com o Felipe...

Wednesday, March 18, 2009

Volvió la Regina

Regininha voltou ao mundo dos blogs com suas crônicas privadas.

Tuesday, March 17, 2009

Espírito de Porco

Dauro Veras conta em seu blog que o documentário Espírito de Porco está quase pronto. Aguardamos ansiosos pelo lançamento, Dauro!
[Cada século trazia a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro, e o seu cortejo de sistemas, de idéias novas, de novas ilusões; em cada um deles rebentavam as verduras de uma primavera. E amareleciam depois, para remoçar mais tarde.]
Machado de Assis

Friday, March 13, 2009

Daquilo que vi ontem no centro de Florianópolis e daquilo que não vi ontem na RBS

Quinta-feira, 12 de março.


16 horas. Acompanho minha mãe, professora aposentada, na Assembleia do Sinte, no Centro Sul, em Florianópolis. Ela viajou 12 horas de ônibus, com outros colegas do Oeste catarinense, para participar da discussão do magistério estadual. Ponto principal: o governo do Estado não quer pagar o piso nacional, que agora é lei.

17 horas. Caminho em direção ao Ticen, terminal de ônibus do centro da Capital, acompanhada de dois amigos. Na calçada central da avenida que dá acesso ao terminal, o espaço está tomado pela polícia militar: tropa de choque, cavalaria, o escambau. A população quase não tem espaço para caminhar na calçada. Está garoando. Nos espaços cobertos fora do terminal, muitos, eu disse MUITOS, policiais se protegem da chuva. Eles estão por toda parte. É quase uma parada militar. Os estudantes preparavam um protesto contra o absurdo do transporte coletivo da cidade.

17h10. Começa a chover forte. Entro no terminal A. Um rapaz, agitado, fala no celular: - Cara, é muito PM! E eles vieram pra bater! Meu ímpeto é de ficar, acompanhar tudo. Mas preciso estar em casa logo, minha filha vai chegar da escola.

17h15: Entro no ônibus Volta ao Morro Pantanal Saída Norte. Escolho esta linha para passar, propositadamente, pelo movimento dos PMs. O ônibus passa pelo Centro Sul: os professores estão aglomerados na saída. Chove forte. Havia na programação uma manifestação contra a criminalização dos movimentos sociais, reunindo várias categorias.

17h40: Chego em casa, na Trindade. Estou muito preocupada com minha mãe, que ficou na muvuca, no Centro. Ela retornaria ao Oeste logo após a manifestação, no ônibus fretado pelos professores. Abro o Diário.com. Nenhuma linha! O centro da cidade está tomado de policiais militares. A secretaria de segurança do Estado colocou o efetivo inteiro da Capital na rua. Mas não é notícia, parece.

19 horas: Nada na Internet. Ligo a tv. RBS Notícias. 15 segundos de imagens dos estudantes protestando no centro. Na imagem, uma faixa que diz: "O povo na rua, Dário a culpa é sua". Nenhuma imagem de policiais. Nenhuma! Off do apresentador sobre as imagens foi mais ou menos assim: "professores estaduais realizaram manifestação hoje no centro da Capital contra o governo do Estado, chamada pelo Sinte".

???????

Nenhuma imagem de professor algum. Nenhuma menção ao protesto dos estudantes. Nenhuma menção ao protesto contra a criminalização dos movimentos sociais.

Sexta-feira, 13 de março.

7h30 da manhã. Minha mãe liga, já do Oeste, dizendo que chegou bem e tudo certo. Viram o protesto dos estudantes na saída, ficaram no engarrafamento algum tempo.

14h55: Estou terminando esse texto. No Diário.com há uma matéria mínima, reunindo todos os temas em quatro mínimos parágrafos, postada às 19h39 de ontem. Na edição impressa, que acessei via internet, uma matéria praticamente idêntica à já citada, diz o seguinte: "Chuva diminui protesto na Capital". A foto é da polícia militar e a legenda diz o seguinte: "Polícia Militar fez barreiras na área central para agir caso houvesse necessidade". Nenhuma fonte fala na matéria. A não ser a de sempre: "segundo a organização".

Preciso rever meus conceitos: o que é mesmo um repórter? O que é mesmo reportagem? O que é mesmo ir pra rua? O que é mesmo uma pauta? O que é mesmo o jornalismo?

Wednesday, March 11, 2009


Fernando Pessoa
poemas de Alberto Caeiro



O GUARDADOR DE REBANHOS (IX)


Sou um guardador de rebanhos
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.

Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pésE com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
sei a verdade e sou feliz.

Tuesday, March 10, 2009

tem horas em que tudo fica claríssimo.
que bom.

Monday, March 09, 2009

Alice

Frank Maia comemora a chegada da filha Alice.

Nós também estamos muito felizes com o nascimento da pequena, Frank!
Pra começar a semana, as cores da Ilha na foto de

Friday, March 06, 2009



situações carnavalescas 2009

Wednesday, March 04, 2009

Hipóteses sobre a origem do Universo

Para os curiosos com a minha resposta à pergunta da Amanda, seguinte:

*Eu disse acreditar que aquilo que entendemos hoje como "universo" é resultado de bilhões de anos de modificações, evoluções etc etc.

*Disse crer também que existe uma energia maior que sustenta um certo equilíbrio, que dá algum sentido pro rolo todo, enfim...

Não falei em big-ban, nem em Darwin, nem em Deus...
Mas está tudo meio implícito ali, né?

Frisei que é aquilo que acho, não uma verdade absoluta ou coisa parecida.

Me saí bem?

Tuesday, March 03, 2009


Más un "epetáculo" do Frank

Monday, March 02, 2009

Mafalda

Hoje, 12h25min.
Eu passando roupa, especificamente o uniforme escolar da Amanda, de olho nas panelas pra não queimar o almoço.

Ela, a Amanda, com o caderno de ciências, fazendo o dever:

- Mãe, qual a tua opinião sobre a origem do Universo?