Wednesday, July 25, 2007

Da série Escritos:


(3)
Almodóvar em Madri: duas explosões, um bilheteiro com cara de poucos amigos e um filme com certo amor pelo Brasil

Adriane Canan (Madri, 1º de maio de 2002)

Palacio de los Festivales. Gran Vía. Madri. Espanha. Por volta das oito horas da noite. Eu e uma baiana, que divide o quarto do albergue comigo, estamos na fila do cinema. Assistir a um novo filme de Pedro Almodóvar em Madri é, no mínimo, um bom programa para uma noite de 1º de maio, depois de um dia cheio de manifestações e de dois atentados com bombas na capital espanhola, um dos quais um pleno jogo entre Real Madrid e Barcelona, felizmente sem vítimas. Vamos lá. Bilhetes. Outra fila. Entrega de bilhetes e a surpresa – talvez para nós, saídas da América Latina, acostumadas às salas de cinema brasileiras – o senhor da bilheteria nos diz, apontando com o dedo: “Usted, señorita, por ahí!”. Prontamente me dirijo até a porta indicada. “Usted, señorita, por allá!”. A baiana me olha, desconfiada, mas segue o dedo do espanhol com cara de poucos amigos. Entramos. A sala está quase vazia. Mas eu e a minha amiga somos obrigadas a ver o filme uma em cada canto do cinema: “Los billetes son marcados, señorita!”.
É só um nariz de cera. Vamos ao filme, enfim.
Abrem-se as cortinas de um teatro e a dança de Pina Bausch salta da tela.
Hable com ella, para mim, que não sou lá uma especialista em Pedro Almodóvar (aliás, em coisa nenhuma!), sustenta a paixão e o desejo sempre presentes nos filmes do cineasta. Mas, dessa vez, apesar da presença forte das mulheres, é principalmente dos homens que ele trata. Benigno (Javier Cámara, que também pode ser visto em Lucía y el sexo, de Júlio Meden), é um homem que ama, e muito. Marco (Darío Grandinetti, ator argentino de Rosário, que eu já havia visto num filme de 1996, chamado Despabílate amor, de Eliseu Subiela), está perdido entre passado e presente, não sabe se ama. No meio dos dois estão Alícia (Leonor Watling) e Lydia (Rosário Flores): uma, bailarina, frágil e jovem; a outra, uma toureira, criada para viver no mundo masculino das touradas, mais velha, mas não menos frágil. Eles precisam falar com elas. E o filme nos conduz pelo labirinto de desejo e paixão entre Benigno e Alicia, Marco e Lydia, Benigno e Marco...A solidão, a desolação da loucura de uma paixão, o silêncio do corpo, o coma e a morte estão presentes. Sempre.
Num roteiro que me pareceu meticuloso e sensível, Hable con ella torna-se, na minha opinião, mais tocante que Todo sobre mi madre. Talvez, e me perdoem, por parecer mais real, mais possivelmente cotidiano, levando-se em conta, claro, a realidade espanhola e suas viscerais relações com os touros e com as pessoas. Também menos provocante, se esse é o termo, que filmes anteriores do cineasta. Mas não, espere, há também, em Hable con ella, agressões explícitas, carnais e anti-moralistas.
Também, e com muito destaque, aparece a participação de ilustres conhecidos. Está na tela Geraldine Chaplin, filha mais velha de Charles Chaplin. Para nós, brasileiros – e fiquei com vontade de gritar no meio do cinema: “Ei, eu sou brasileira!” - , há um “certo” amor pelo Brasil que Almodóvar declara abertamente. Duas seqüências imaginadas pelo cineasta têm as vozes de Caetano Veloso e Elis Regina. Caetano aparece em carne e osso (ou não!), dentro de um sonho do personagem Marco, numa espécie de sarau, cantando “Cururucucu Paloma”. Eu diria, uma “mega” participação do baiano. Elis solta sua voz numa declaração de amor de Almodóvar à tauromaquia com “Por toda minha vida”. Está lá, também, e para nosso orgulho, uma bela citação sobre o maestro Tom Jobim.
Aqui estamos, em Madri, dentro de um filme de Almodóvar. Pina Bausch volta e emociona mais. Agora voltamos para o albergue. Rindo da situação da entrada. Pensando na morte e na vida. Em cada imagem da Espanha e de Almodóvar. Com alguma saudade do Brasil.

Sunday, July 22, 2007




Uma "semana do amigo"


Amanda recebeu os amigos Beatriz, 10, e Heron, 7, de Floripa, para oito dias de férias de julho em Chapecó e Quilombo! Muita diversão! Junto veio a Cris, mãe dos dois, grande amiga de anos! Foi bom ter pessoas queridas por perto!

Friday, July 20, 2007


Hipertexto, hipermídia


A Editora Contexto, de São Paulo, está lançando o livro Hipertexto, hipermídia, organizado pela professora e pesquisadora Pollyana Ferrari. Tem um artigo meu lá no meio, sobre A não-linearidade no jornalismo digital.

No dia do amigo, dois cliques da minha filha Amanda, ainda em 2004, com sua grande amiga Helena (que hoje está morando em Paris com os pais, Sílvio e Tere).


Thursday, July 12, 2007


"Senhores imperialistas: nós não temos nenhum medo de vocês!"

Malecón, La Habana, Cuba, 2003!

Tuesday, July 10, 2007

LUZ DE LUNA (Chavela Vargas)

Yo quiero luz de luna
Para mi noche triste
Para soñar divina
La ilusión que me trajiste
Para sentirte mía, mía tú
Como ninguna
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna
Si ya no vuelves nunca
Provincianita mía
A mi senda querida
Que está triste y está fría
En vez de en mi almohada
Lloraré sobre mi tumba
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna
Yo siento tus amarras
Como garfios, como garras
Que me ahogan en la playa
De la farra y el dolor
Y siento tus cadenas a rastras
En mi noche callada
Que sea plenilunada
Y azul como ninguna
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna
Pues desde que te fuiste
No he tenido luz de luna.

Saturday, July 07, 2007


Phelipe me regaló musicas en esta noche fria.
Me vino con bandas sonoras de películas de Almodóvar y me calientó el corazón. Gracias a ti! Te quiero, amigo relindo!

Thursday, July 05, 2007

25 Watts e Wisky
Dois filmes de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll.
Juan Pablo se foi muito cedo - aos 32 anos. Deixou dois dos considerados melhores filmes uruguaios. A atmosfera de Montevidéu toma conta de nossa percepção. Roteiro e direção primorosos. Yo recomiendo!



25 Watts, nas palavras de Rebella: "25 Watts é um filme de muito baixo orçamento, que rodamos em 16mm. De certa forma, é um filme autobiográfico, que narra um dia na vida de três amigos. 25 Watts não tem exatamente uma trama, mas sim várias cenas em planos longos, com muito humor e também um pouco de melancolia e saudade. Levamos este filme ao festival de Roterdã, foi nossa primeira vez num festival. Foi um grande sucesso, fomos premiados em Havana e muitos outros festivais". Clique aqui e leia íntegra da entrevista.






Wisky: Ao saber da visita de seu irmão, um viúvo propõe à funcionária de confiança de sua fábrica que se faça passar por sua esposa enquanto ele estiver na cidade.


Wednesday, July 04, 2007

Quando a chuva chegar

Minha amiga Jorane Castro, lá de Belém, está divulgando seu curta-metragem Quando a chuva chegar. Lemos juntas esse roteiro, em 2003, na beira da piscina da Escola de Cinema de Cuba!!
A moça é das profis. Já tem no currículo o curta Mulheres Choradeiras, que foi exibido em Cannes, e o documentário Invisíveis Prazeres Cotidianos, sobre blogueiros da capital paraense. Quem quiser curtir uma prévia do novo trabalho da Jô pode acessar no youtube:

www.youtube.com/watch?v=eqqPCWovWSo
Cuba, te extraño!

Entre setembro e outubro de 2003, estive em San Antonio de Los Baños, Cuba, na Escuela Internacional de Cine y Televisión, a EICTV. Tempo maravilhoso, na escola fundada por caras como Gabriel García Marquez e Fernando Birri. Fiz grandes amigos de vários lugares do mundo. Coisas surreais aconteceram! Aprendi muito de roteiro com pessoas muito, muito especiais. Pra matar a saudade, publico abaixo algumas fotos que fiz em La Habana. As fotos saíram também no Papel Jornal, do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, em 2005.




A força da cultura africana na Ilha: os “orishas” estão presentes.


Casamento em Bauta, interior de Cuba. Cidade pequena, menos de 10 mil habitantes, mas com inúmeros centros culturais. Depois do sim, a noiva sai de carro e dá um passeio pela cidade recebendo aplausos. Tradição em toda a Ilha.



Refletido no espelho, o Museo de La Revolución, onde antes era residencia oficial de Fulgencio Batista. E guardado na construção de vidro, o iate Granma, que levou Fidel Castro, Che Guevara e compañeros do México a Santiago de Cuba, por onde entraram na Ilha.